sábado, 19 de maio de 2012

Invisível para os olhos



             No passado dia 11 de Maio de 2012, em duas sessões que decorreram na manhã e tarde do mesmo dia, os alunos do 3.º e 4.º anos do Centro Escolar N.º 2 tiveram a oportunidade de participar numa Sessão de Leitura conduzida pela D.ª Nazaré Pestana que teve também um cheirinho de oficina de Braille.

O Braille como todos sabemos, é um sistema de leitura com o tacto para cegos inventado pelo francês Louis Braille no ano de 1827 em Paris. O sistema de Braille aproveita-se da sensibilidade epicrítica do ser humano, a capacidade de distinguir na polpa digital pequenas diferenças de posicionamento entre dois pontos diferentes.

A Oficina começou pois com o visionamento de um Powerpoint sobre o inventor da escrita em Braille: Louis Braille. Através deste PowerPoint os alunos e alunas tiveram a oportunidade de conhecer a história do menino que ficou conhecido por trazer a luz ao mundo da escuridão.

Louis perdeu a visão aos três anos. Quatro anos depois ingressou no Instituto de Cegos de Paris. Em 1827, então com dezoito anos, tornou-se professor desse instituto. Ao ouvir falar de um sistema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens durante a noite em lugares onde seria perigoso acender a luz, Louis Braille fez algumas adaptações no sistema de pontos em relevo, criando então um alfabeto legível por cegos.

Num segundo momento, os alunos escutaram atentamente a leitura de alguns dados sobre a vida deste génio feita pela nossa convidada, podendo aperceber-se da velocidade com que os seus dedos liam pelo papel. Parece inacreditável mas um cego experiente pode ler duzentas palavras por minuto.

Depois de observarem a máquina de escrever em Braille, que obriga a uma fascinante capacidade de memorização das várias possibilidades de combinação da sua meia dúzia de teclas, e de observarem também um telemóvel adaptado para cegos, ou seja, a cada toque numa das teclas, ouve-se uma mensagem de voz, deu-se início à Oficina de Braille.

  Primeiramente, a nossa convidada escreveu em Braille o nome de cada um dos meninos participantes que foram depois distribuídos por todos aleatoriamente. Posteriormente, após a projeção do alfabeto Braille e da explicação do seu funcionamento, os alunos e alunas, socorrendo-se também de uma ficha com o referido alfabeto, descobriram qual o nome que tinham decifrado. E aqui é claro servindo-se do sentido da visão.

A seguir veio um pequeno jogo de adivinhação: todos de olhos vendados, e por entre risadinhas, tocaram em objetos e tentaram adivinhar em que consistiam, uma tarefa que se revelou menos fácil do que parecia inicialmente.

Esta maravilhosa sessão terminou com a leitura de um excerto de O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry que os alunos escutaram sem pestanejar.




 Alertar os alunos para a multiplicidade de formas de comunicação é não somente uma forma de os enriquecer culturalmente, expandindo a sua perspetiva sobre o mundo que os rodeia, mas sem dúvida um caminho de preparação para a aceitação da diferença e da construção de uma sociedade muito mais inclusiva e tolerante. Também, e bem a propósito da proposta de leitura que nos trouxe a D.ª Nazaré Pestana, confirma-se a máxima do famoso livro que nos diz que tudo o que é essencial é invisível para os olhos. De facto, só se vê bem com o coração!

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