segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cair no Infinito- The flying Books of Mr. Lessmore

No dia 29 de outubro e ainda a propósito das comemorações do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares, os alunos do 4.º G do Centro Escolar N.º 2 foram convidados pela BE a aventurarem-se pelos caminhos inusitados da leitura através do visionamento do filme The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore.

Este maravilhos filme de animação, que teve como fontes de inspiração o furação Katrina, Buster Keaton, O Feiticeiro de Oz, e claro o amor pelos livros, é uma criação dos galardoados autores William Joyce e Brandon Oldenburg, e constitui uma poética e confrangedora alegoria sobre os poderes curativos da leitura.
 
Vencedor de um Oscar em 2012, usa uma grande variedade de técnicas de animação (miniaturas, animação computorizada, animação em 2D) num estilo híbrido que nos transporta para o cinema mudo e o musicais technicolor da MGM.

Simultaneamente antiquado e inovador, o filme ilustra a capacidade de o ser humano se elevar e se transcender através dos livros que poisam nas nossas vidas e enriquecem a partitura da nossa existência.
Leiam aqui os melhores interpretações deste hino à leitura.
 
Levar os livros pela mão
Era uma vez um senhor chamado Lessmore. Ele era escritor mas passado algum tempo veio uma ventania que levou casas e pessoas e espalhou as letras doo livro que o Sr. Lessmore andava a escrever.
O Sr. Lessmore foi parar a outro mundo. Ele foi parar a um sítio onde apareceu a antiga bibliotecária que lhe deu um livro. Esse livro levou-o a uma biblioteca onde havia livros que voavam e tocavam piano. No final do dia ele foi-se deitar num livro. De manhã, os livros acordaram-no, vestiram-lhe o casaco e a camisola. De seguida ele deu cereais de letras aos livros. O livro levou o Sr. Lessmore a um livro doente. Aí o Sr. Lessmore tornou-se médico de livros e logo a seguir ele foi para o laboratório onde o livro ajudante lhe disse para começar a ler o livro doente. Ele foi lendo o livro e o livro foi ficando melhor até que ressuscitou.
Ele ficou bibliotecário e as pessoas começaram a ir buscar livros à sua biblioteca e a levá-los pela mão. Quando O Sr. Lessmore ficou idoso e acabou a sua carreira, os livros puseram-no mais novo e levaram-no para o céu.
José Pedro Henriques da Luz – 4.º G
Os livros fazem-nos voar
Era uma vez um Sr. chamado Lessmore e que era escritor. Um dia houve um furacão e os livros ficaram sem letras nenhumas, as casas viradas do avesso, e as coisas desorganizadas. Ele ia a andar na rua quando viu uma fada dos livros e lhe deu um. Esse livro levou-o a uma casa dos livros – biblioteca- e o Sr. Lessmore ficou a viver lá e dormia em cima de um livro.
Um livro velho, quase despedaçado, ao tentar voar, ficou sem folhas. Então ele fez a sua recuperação. Ele passou a cuidar dos livros todos os dias como um pai.
Passado algum tempo ele começou a ser bibliotecário e as pessoas começaram a requisitar livros. E ele, também passado algum tempo, acabou de escrever o seu livro. Já era idoso e morreu mas os livros deram-lhe a vida infinita na parede da biblioteca. A história recomeça quando uma menina vai de novo à casa dos livros.
Os livros são mágicos, fazem-nos voar. Essa é a mensagem da história.
João Esteves – 4.º G
O céu dos livros
 
Era uma vez um senhor escritor chamado Morris Lessmore. Ele estava um dia sentado na sua varanda a escrever livros quando chegou uma enorme tempestade e destruiu a sua cidade.
Depois da tempestade ele foi passear pela cidade destruída onde encontrou um anjo dos livros a voar. Um livro chegou ao pé do Senhor escritor e disse-lhe para partir com ele. Quando Lessmore chegou onde o livro o mandara, entrou numa biblioteca e encontrou milhares de livros.
Depois de alguns anos o Senhor Escritor passou a ser bibliotecário e foi ficando idoso, e tal como o outro anjo, foi para o céu dos livros. Chegou depois uma menina e aconteceu-lhe exatamente o mesmo.
Moral da história: o que há nos livros pode sempre ser realidade.
Laura Rebelo Lourenço 4.º G
Um Pai para os livros
O senhor Morris Lessmore era um escritor mas, de repente, apareceu um ciclone e ele foi parar a um mundo desconhecido onde tudo o que lá havia de pessoas que não liam livros eram a preto e branco.
O senhor Morris Lessmore encontrou então um amigável personagem que o conduziu até uma biblioteca de livros voadores onde encontrou um livro danificado e tornou-se numa espécie de médico dos livros. Ele tentou tudo o que podia até que o amigável personagem lhe disse para ler o livro estragado e esse livro ficou como novo.
Ele no resto dos dias era como um pai para os livros e então ficou a envelhecer e a envelhecer, e quando acabou de escrever a sua biografia, os livros deram-lhe a eternidade.
Moral da história: Na tua imaginação tudo é possível.
João Cordeiro – 4.º G
O Deus dos Livros
Tudo começou com um homem que estava a habitar num hotel. De repente veio uma tempestade que acabou por levar o homem que se chamava Lessmore. Ele estava a escrever um livro mas como o vento era muito forte, levou-lhe as letras e o livro também voou.
O Lessmore foi atrás do livro enquanto voava e o livro foi parar a uma casa onde o Lessmore o foi buscar. Quando a tempestade acalmou, a casa caiu no chão e o Lessmore também porque a porta da casa se abriu.
O homem foi para outra dimensão e foi parar a uma biblioteca onde havia livros vivos e o Lessmore ficou amigo deles.
Lessmore, naquela biblioteca teve várias profissões que foram médico dos livros, bibliotecário e escritor. Ele gostava dos livros como os livros dele.
À medida que foi trabalhando naquela biblioteca foi envelhecendo. Quando chegou ao seu ponto de velhice, os livros puseram-no novo e tornaram-no num deus dos livros.
E depois veio uma menina para ficar com o cargo do Sr. Lessmore.
Alexandre Romanov Agostinho – 4.º G
Os livros ganham vida
Era uma vez um senhor que se chamava Morris Lessmore que estava na varanda de um hotel a escrever no seu livro. Entretanto veio um furacão que levou tudo para longe. Tudo começou a voar e os livros do Senhor Lessmore voaram para muito longe.
Logo a seguir ao furacão aterrou num lugar onde as pessoas estavam a preto e branco. Ele pegou no seu livro que tinha perdido todas as suas frases e na sua bengala, e quando estava a passear por aquele lugar encontrou uma menina que estava a voar com livros e lhe deu um dos seus livros.
O livro mandou-o seguir até que chegaram a uma biblioteca onde havia livros a voar. O livro amigo do Sr. Lessmore tocou uma música e eles dançaram.
O Sr. Lessmore começou a cuidar dos livros. Até leu um livro que estava a desfazer-se e o livro ganhou vida. Entretanto foi ficando idoso e acabou a história do seu livro. Os livros voadores fizeram-no ficar mais novo e ele voou como a menina que voava com livros.
Foi então uma menina à Biblioteca e ela começou a viver e a conhecer a história daquela Biblioteca.
Eu aprendi que os livros ganham vida!
Thamyres Azevedo 4.º G
 A fada dos livros
Era uma vez um homem chamado Lessmore. Ele era leitor de grandes textos. Ele estava num hotel quando de repente veio um furacão gigante e o furacão levou tudo pelos ares. Abriu-se um buraco negro e levou tudo para outro mundo, o mundo dos livros.
Aí ele foi procurando pessoas até que encontrou uma fada dos livros. Ela deixou com ele um livro voador. O livro levou-o a uma biblioteca onde havia livros vivos. Eles andavam e voavam. Os livros ensinaram-lhe a vida da fada dos livros e ele lá foi aprendendo, até que um dia de manhã ele encontrou um livro que estava meio morto. Então ele fez de médico e salvou-o. Ele foi dando livros às pessoas até ficar muito velho mas os livros fizeram-no novo. Quando ele se foi embora veio logo outra menina e tudo voltou ao princípio.
João Nunes 4.º G

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Dia da Biblioteca Escolar

“Não haverá outra forma de incentivar a criança para a leitura senão a de proporcionar-lhe desde o início da aprendizagem, leitura de prazer. Aprender a ler é, em muitos casos, um tempo penoso – letras que formam sílabas, sílabas que formam palavras, palavras que formam frases, frases que enformam sentidos… Para que esse tempo seja de regozijo pessoal para o pequeno leitor e ele passe a entender a leitura como algo mais do que uma aritmética de sílabas, há que demonstrar-lhe que a leitura é o prolongamento da fala e da alegria de ouvir contar, do ouvir ler.”

Quem melhor do que António Torrado saberia descrever a nossa demanda enquanto técnicos e amantes do livro? Indubitavelmente somos a caixa de ressonância natural da partitura musical inscrita em cada livro. Também segundo esta Sheherazade dos tempos atuais: “Cada história guarda a voz de quem a contou ou leu, a que vai acrescentar-se a voz de quem pela primeira vez vai desvelá-la, descobri-la, lê-la.”
Saber ler é uma técnica. Deixemo-la para a sala de aula. Amar ler é um vírus contagioso impregnado de paixão que nos compete inocular precocemente na Biblioteca. Já dizia Danniel Pennac que o verbo ler não suporta o imperativo. É uma aversão que compartilha com outros: o verbo amar… o verbo sonhar.
Ler não pode ser reduzido a uma simples aquisição de mecanismos lecto escriturais. Ler fomenta a descoberta do mundo envolvente e interior. No coração da história, todos os possíveis podem ser experimentados. Os livros para crianças são utensílios feitos à sua medida a partir dos quais elas confrontam as suas vidas com as histórias e aprendem a pensar por si próprias. Nada nem ninguém poderá impedir o sujeito leitor de poder pensar em liberdade. A literatura resiste a todos os poderes ditatoriais, por muitos livros que se queimem ou censurem.

Evitar a pedagogização da leitura e outras preocupações terapêuticas em excesso que podem conduzir à destruição do prazer das crianças em ler continua a ser o denominador comum de todos os que levamos em diante a missão de ajudar a crianças a pensar e a viver o mundo.





Decorreu a primeira formação de utilizadores deste ano letivo para os alunos do Pré-escolar e do 1.º ano do Centro Escolar n.º 2 e para quatro turmas do 1.º Ciclo da EBI Fernando Casimiro Pereira da Silva nos dias 27e 28 de setembro e 8 de outubro de 2012.
Os alunos tiveram ainda a oportunidade de conhecer as regras de comportamento e de utilização da Biblioteca Escolar. De seguida foi dada a conhecer de forma simplificada a organização da Biblioteca por cores e números de acordo com as regras de classificação decimal universal e analisado o Guia do Utilizador da Biblioteca. Todos os alunos tiveram ainda a oportunidade de ficar a par dos concursos implementados mensal e periodicamente e  conhecer melhor uma figura incontornável da literatura infanto-juvenil, Luísa Ducla Soares, que celebra quarenta anos ao serviço da escrita e foi também a autora eleita para “O escritor do Mês”, uma das rubricas mensais da Biblioteca Escolar. 

E claro que a vinda destes nossos pequenos leitores teria de ser brindada com uma sessão de leitura inaugural. Assim, e no âmbito do Projeto de animação da leitura “Ler com Prazer” os pequenos utilizadores da BE vibraram com A Filha do Grufalão de Julia Donaldson e ilustrado magistralmente por Axel Scheffler. A deliciosa e irresistível continuação de O Grufalão, livro vencedor do Prémio Smarties para o melhor livro infantil editado no Reino Unido e do Prémio Blue Peter Award para o melhor livro para ler em voz alta, traz-nos a aventura de uma grufalinha que ignorando os avisos do pai Grufalão se aventura na escura floresta a fim de confirmar a existência do Grande-Rato-Mauzão! Para além de metaforicamente abordar o tema da desobediência infantil e da necessidade de as crianças testarem os seus próprios limites, esta irresistível história também ensina o valor da inteligência sobre a força bruta. De destacar ainda a força das mensagens plásticas que apelam à evasão e ao sonho. 

Já os alunos do 3.º e 4.º anos da Escola sede, assim que espreitaram a capa da obra que iria ser lida, e porque integra o seu manual de português, imediatamente identificaram a belíssima obra de Colin Mcnaughton e Satoshi Kitamura: Era uma vez um dia normal de escola. O que começa por ser uma história banal de um dia normal, igual a tantos outros, em que um rapaz, também como tantos outros, que faz o seu percurso habitual até à escola, como normalmente faz, conhece um desfecho inspirador quando este rapaz normal conhece um professor absolutamente EXTRAORDINÁRIO! Era uma vez um dia normal de escola é um livro imperdível que nos leva à descoberta do imaginário das crianças, através da força inspiradora e poética da música. É também útil para demonstrar de que forma pode um professor inspirar e motivar uma turma inteira. De realçar por último a fusão harmónica entre texto e imagem, em que ambos os suportes ajudam a criança a reconhecer os mecanismos essenciais de descodificação de mensagem escrita relacionando-a com as mensagens visuais. No fim da história, uma menina do 3.º ano explicou: “Pois, foi por isso que no princípio era tudo cinzento e depois de ele conhecer o professor ficou tudo colorido e feliz!”.
Mais uma vez os nossos visitantes foram brindados com marcadores de livros que esperamos que sirvam também para marcar nas suas memórias o prazer da leitura, dando-se assim os primeiros passos conducentes à meta primordial de toda e qualquer Biblioteca: a formação de leitores!

Vejam aqui alguns dos trabalhos resultantes:
 

Era uma vez um dia normal de escola - Recontado pelos alunos do 4.º E do AVFCPS

A Filha do Grufalão - Educadora Paula Germano - CE N.º 2

A Filha do Grufalão - Educadora Amélia - CE N.º 2

A Filha do Grufalão - 1.º B da EBFCPS


A Filha do Grufalão 2.º C EBFCPS

Manuel António Pina (1943-2012)
19 Outubro, 2012


[AOS MEUS LIVROS]

Chamaram-vos tudo, interessantes, pequenos, grandes,
ou apenas se calaram, ou fecharam os longos ouvidos
à vossa inútil voz passada
em sujos espelhos buscando
o rosto e as lágrimas que (eu é que sei!)
me pertenciam, pois era eu quem chorava.


Um bancário calculava
que tínheis curto saldo
de metáforas; e feitas as contas
(porque os tempos iam para contas)
a questão era outra e ainda menos numerosa
(e seguramente, aliás, em prosa).

Agora, passando ainda para sempre,
olhais-me impacientemente;
como poderíamos, vós e eu, escapar
sem de novo o trair, a esse olhar?
Levai-me então pela mão, como nos levam
os filhos pela mão: sem que se apercebam.


Partiram todos, os salões onde ecoavam
ainda há pouco os risos dos convidados
estão vazios; como vós agora, meus livros:
papéis pelo chão, restos, confusos sentidos.
E só nós sabemos
que morremos sozinhos.
(Ao menos escaparemos
à piedade dos vizinhos)



[Poesia, Saudade da Prosa - uma antologia pessoal, Assírio & Alvim, 2011]
Fotografia de Pedro Loureiro