segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Dia da Biblioteca Escolar

“Não haverá outra forma de incentivar a criança para a leitura senão a de proporcionar-lhe desde o início da aprendizagem, leitura de prazer. Aprender a ler é, em muitos casos, um tempo penoso – letras que formam sílabas, sílabas que formam palavras, palavras que formam frases, frases que enformam sentidos… Para que esse tempo seja de regozijo pessoal para o pequeno leitor e ele passe a entender a leitura como algo mais do que uma aritmética de sílabas, há que demonstrar-lhe que a leitura é o prolongamento da fala e da alegria de ouvir contar, do ouvir ler.”

Quem melhor do que António Torrado saberia descrever a nossa demanda enquanto técnicos e amantes do livro? Indubitavelmente somos a caixa de ressonância natural da partitura musical inscrita em cada livro. Também segundo esta Sheherazade dos tempos atuais: “Cada história guarda a voz de quem a contou ou leu, a que vai acrescentar-se a voz de quem pela primeira vez vai desvelá-la, descobri-la, lê-la.”
Saber ler é uma técnica. Deixemo-la para a sala de aula. Amar ler é um vírus contagioso impregnado de paixão que nos compete inocular precocemente na Biblioteca. Já dizia Danniel Pennac que o verbo ler não suporta o imperativo. É uma aversão que compartilha com outros: o verbo amar… o verbo sonhar.
Ler não pode ser reduzido a uma simples aquisição de mecanismos lecto escriturais. Ler fomenta a descoberta do mundo envolvente e interior. No coração da história, todos os possíveis podem ser experimentados. Os livros para crianças são utensílios feitos à sua medida a partir dos quais elas confrontam as suas vidas com as histórias e aprendem a pensar por si próprias. Nada nem ninguém poderá impedir o sujeito leitor de poder pensar em liberdade. A literatura resiste a todos os poderes ditatoriais, por muitos livros que se queimem ou censurem.

Evitar a pedagogização da leitura e outras preocupações terapêuticas em excesso que podem conduzir à destruição do prazer das crianças em ler continua a ser o denominador comum de todos os que levamos em diante a missão de ajudar a crianças a pensar e a viver o mundo.





Decorreu a primeira formação de utilizadores deste ano letivo para os alunos do Pré-escolar e do 1.º ano do Centro Escolar n.º 2 e para quatro turmas do 1.º Ciclo da EBI Fernando Casimiro Pereira da Silva nos dias 27e 28 de setembro e 8 de outubro de 2012.
Os alunos tiveram ainda a oportunidade de conhecer as regras de comportamento e de utilização da Biblioteca Escolar. De seguida foi dada a conhecer de forma simplificada a organização da Biblioteca por cores e números de acordo com as regras de classificação decimal universal e analisado o Guia do Utilizador da Biblioteca. Todos os alunos tiveram ainda a oportunidade de ficar a par dos concursos implementados mensal e periodicamente e  conhecer melhor uma figura incontornável da literatura infanto-juvenil, Luísa Ducla Soares, que celebra quarenta anos ao serviço da escrita e foi também a autora eleita para “O escritor do Mês”, uma das rubricas mensais da Biblioteca Escolar. 

E claro que a vinda destes nossos pequenos leitores teria de ser brindada com uma sessão de leitura inaugural. Assim, e no âmbito do Projeto de animação da leitura “Ler com Prazer” os pequenos utilizadores da BE vibraram com A Filha do Grufalão de Julia Donaldson e ilustrado magistralmente por Axel Scheffler. A deliciosa e irresistível continuação de O Grufalão, livro vencedor do Prémio Smarties para o melhor livro infantil editado no Reino Unido e do Prémio Blue Peter Award para o melhor livro para ler em voz alta, traz-nos a aventura de uma grufalinha que ignorando os avisos do pai Grufalão se aventura na escura floresta a fim de confirmar a existência do Grande-Rato-Mauzão! Para além de metaforicamente abordar o tema da desobediência infantil e da necessidade de as crianças testarem os seus próprios limites, esta irresistível história também ensina o valor da inteligência sobre a força bruta. De destacar ainda a força das mensagens plásticas que apelam à evasão e ao sonho. 

Já os alunos do 3.º e 4.º anos da Escola sede, assim que espreitaram a capa da obra que iria ser lida, e porque integra o seu manual de português, imediatamente identificaram a belíssima obra de Colin Mcnaughton e Satoshi Kitamura: Era uma vez um dia normal de escola. O que começa por ser uma história banal de um dia normal, igual a tantos outros, em que um rapaz, também como tantos outros, que faz o seu percurso habitual até à escola, como normalmente faz, conhece um desfecho inspirador quando este rapaz normal conhece um professor absolutamente EXTRAORDINÁRIO! Era uma vez um dia normal de escola é um livro imperdível que nos leva à descoberta do imaginário das crianças, através da força inspiradora e poética da música. É também útil para demonstrar de que forma pode um professor inspirar e motivar uma turma inteira. De realçar por último a fusão harmónica entre texto e imagem, em que ambos os suportes ajudam a criança a reconhecer os mecanismos essenciais de descodificação de mensagem escrita relacionando-a com as mensagens visuais. No fim da história, uma menina do 3.º ano explicou: “Pois, foi por isso que no princípio era tudo cinzento e depois de ele conhecer o professor ficou tudo colorido e feliz!”.
Mais uma vez os nossos visitantes foram brindados com marcadores de livros que esperamos que sirvam também para marcar nas suas memórias o prazer da leitura, dando-se assim os primeiros passos conducentes à meta primordial de toda e qualquer Biblioteca: a formação de leitores!

Vejam aqui alguns dos trabalhos resultantes:
 

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